domingo, 17 de junho de 2012

Aproximações...


O casamento do pequeno burguês (Bertold Brecht)

SINOPSE

"O Casamento do Pequeno Burguês" foi escrito quando o jovem Brecht tinha apenas 21 anos e seus pensamentos sobre o teatro estavam ainda mais próximos às suas influências expressionistas do que o teatro épico/dialético que viria a desenvolver durante a sua vida. Apesar da montagem estar separada quase um século da data em que foi escrito, o texto permanece atual.
A história se passa durante a festa de um casamento da alta sociedade. O jogo de hipocrisia vai ganhando tempero à medida que o tédio, o cansaço e o álcool começam a fazer efeito entre os convidados. Uma das poucas comédias do dramaturgo alemão, onde as tradicionais regras de convivência, bem como os móveis aparentemente sólidos, desmoronam-se. O resultado é um espetáculo que questiona as relações sociais e os jogos de aparências tão comuns na nossa sociedade”.

 

O Casamento dos pequenos burgueses

Chico Buarque
1977-1978


Ele faz o noivo correto
E ela faz que quase desmaia
Vão viver sob o mesmo teto
Até que a casa caia
Até que a casa caia
Ele é o empregado discreto
Ela engoma o seu colarinho
Vão viver sob o mesmo teto
Até explodir o ninho
Até explodir o ninho
Ele faz o macho irrequieto
E ela faz crianças de monte
Vão viver sob o mesmo teto
Até secar a fonte
Até secar a fonte
Ele é o funcionário completo
E ela aprende a fazer suspiros
Vão viver sob o mesmo teto
Até trocarem tiros
Até trocarem tiros
Ele tem um caso secreto
Ela diz que não sai dos trilhos
Vão viver sob o mesmo teto
Até casarem os filhos
Até casarem os filhos
Ele fala de cianureto
E ela sonha com formicida
Vão viver sob o mesmo teto
Até que alguém decida
Até que alguém decida
Ele tem um velho projeto
Ela tem um monte de estrias
Vão viver sob o mesmo teto
Até o fim dos dias
Até o fim dos dias
Ele às vezes cede um afeto
Ela só se despe no escuro
Vão viver sob o mesmo teto
Até um breve futuro
Até um breve futuro
Ela esquenta a papa do neto
E ele quase que fez fortuna
Vão viver sob o mesmo teto
Até que a morte os una
Até que a morte os una.


Abraços,
Juliana Gobbe

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