sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Memórias de Lygia



Quando eu estava no ginásio, lia minhas histórias para o meu pai. Ele gostava de dizer “está bom, está muito bom; o nome da personagem é que talvez você devesse mudar”. Eu ficava radiante com essa atenção dele. Eu me dava muito bem com meu pai. Ele era um sonhador. Gostava de jogar cartas e roleta e sempre me levava junto. Era um homem bonito, inteligentíssimo. Tinha uma especial predileção pelos escritores românticos. Nós éramos muito ligados. Eu me achava parecida com ele nessa coisa de sonhar, um certo desgarramento de tudo, eu também era uma desgarrada. Meu pai não se importava com a realidade, e eu também não.
Lygia Fagundes Telles


Abraços,
Juliana Gobbe

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